terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Droga e os seus efeitos

Nos quadros seguintes apresenta-se informação diversa relativa aos efeitos das drogas.
Caracterização das drogas segundo o perigo de provocar dependência física, psíquica e tolerância
Droga
Dependência física
Dependência psíquica
Tolerância
Tabaco
+
+ +
+
Canabinóides
-
+ +
+
LSD
-
+
-
Inalantes
+
+ +
+ + +
Álcool
+ + + +
+ + +
+ +
Benzodiazepinas
+
+ +
+
Anfetaminas
+ +
+ + +
+ + + +
Ecstasy
-
+
-
Cocaína
-
+ + + +
-
Heroína
+ + + +
+ + + +
+ + + +
Metadona
+ + +
+ + +
+ + +
Cafeína
+
+ +
+
Legenda: inexistente (-); ligeira (+); média (++); forte (+++); muito forte (++++)
Nota: algumas drogas, quando consumidas de forma abusiva, embora levem o utilizador a fazer crescer os seus consumos, deixam progressivamente de fazer efeito mesmo com o aumento da dose: é o caso da cocaína, do ecstasy e, sobretudo, do LSD. No caso específico da cocaína é comum os seus utilizadores lembrarem-se saudosamente dos efeitos sentidos nas primeiras tomas, convertendo-se a sua dependência, de alguma forma, numa procura inglória da mesma "euforia" sentida no início.
Caracterização das drogas segundo a sintomatologia do síndrome de abstinência
Droga
Sintomas de abstinência
Opiáceos
(ex.: heroína)
Ansiedade e dispneia, mídriase (dilatação das pupilas), lacrimejo, rinorreia, calafrios, "pele de galinha", tremores e convulsões, hipertensão, diarreia e vómitos com consequente desidratação que em casos raros e extremos poderá levar à morte.
Benzodiazepinas
Insónia, desmaios, tremores e, em casos raros e extremos, febre, convulsões, delírios e coma.
Álcool
Nos casos ligeiros: tremores.
Nos casos graves: delirium tremens (delírios e alucinações, geralmente "visualização" de insectos nas paredes, tecto, etc.).
Anfetaminas
Cocaína
Depressão (por vezes grave, com risco de suicídio), apatia, sonolência, dores musculares.
Cafeína
Irritabilidade, nervosismo, entorpecimento intelectual.
Nicotina
Irritabilidade e ansiedade, cefaleias (dor de cabeça), secura da boca, obstipação.
Fonte: adaptado de "Casas J. Todo lo que deben saber sobre la drogadicción y otras toxicomanías, De Vecchi, Espanha, 1987"
Nota: os canabinóides, o LSD e o ecstasy têm sintomas de abstinência muitíssimo ligeiros, e apenas em casos raros e extremos.

Caracterização das drogas segundo os efeitos imediatos (positivos e negativos) e efeitos tardios do consumo contínuo
Droga
Efeitos imediatos

Efeitos tardios do
consumo contínuo
Positivos
são os que o toxicodependente procura
Negativos
mais frequentes na sobredosagem e em fases tardias do consumo continuado
Opiáceos
(ex.: heroína)
Elimina a ansiedade e depressão, promove a confiança, euforia e extremo bem-estar
Cólicas abdominais, confusão mental, convulsões, paragem respiratória por inibição dos Centros Respiratórios e, se não houver assistência terapêutica rápida, a morte
Anorexia, emagrecimento e desnutrição, obstipação, impotência ou frigidez sexual, esterilidade, demência, confusão e infecções várias (hepatites, Sida, endocardites quando a administração é endovenosa)
Benzodiazepinas
Elimina a ansiedade e a tensão muscular. Promove a desinibição psicológica e o sono "para dormir e esquecer"
Diminuição da coordenação motora, do equilíbrio, hipotensão, bradicárdia, paragem respiratória e morte
Emagrecimento, ansiedade, irritabilidade e agressividade, grande labilidade emocional, depressão com risco de suicídio
Álcool
Igual às benzodiazepinas
Igual às benzodiazepinas
Polineurite, impotência ou frigidez sexual, amnésia, diplopia (visão dupla), cirrose hepática, labilidade emocional, agressividade extrema e demência irreversível (devido à destruição irreversível de células cerebrais)
Inalantes
(tintas, lacas, colas, gasolina, solventes, aerossóis, etc.)
Igual às benzodiazepinas
Embriaguez, alucinações, diplopia (visão dupla), paragem respiratória, coma e morte
Doenças graves do fígado, rim e sangue (leucemias), e demência irreversível
Anfetaminas
Ecstasy
Cocaína
Estado de grande auto-confiança, euforia e energia. Aumento efémero da capacidade de concentração, memorização, rapidez de associação de ideias, maior força muscular e diminuição da fadiga, sono, fome, sede ou frio
Secura da boca, suores, febre, hipertensão e arritmias cardíacas, irritabilidade, agressividade, tremores e convulsões, delírios paranóides
A exaustão contínua pode provocar desidratação, problemas cardíacos, renais e morte
A cocaína está frequentemente associada à perfuração do septo nasal
Emagrecimento, irritabilidade, delírios paranóides (sensação de ser perseguido por organizações secretas, etc.)
A perfuração do septo nasal é uma complicação típica do consumo inalado de cocaína
O ecstasy está raramente associado a crises de flashback
Canabinóides
Elimina a ansiedade e promove sensação de bem-estar, desinibição, maior capacidade de fantasiação, visualização da realidade com mais intensidade (cores e sons mais distintos)
Secura da boca, reacções de ansiedade e pânico (paradoxalmente mais comuns em fumadores experientes), agressividade e, excepcionalmente, alucinações
Pode desencadear uma doença mental (psicose) nos raros indivíduos predispostos
Síndrome "amotivacional" (provavelmente apenas em grandes consumidores predispostos)
Alucinogénios
(ex.: LSD)
Forte exaltação das percepções sensoriais (cores e sons mais intensos), sinestesias (transferências das impressões de um sentido para outro: ouve-se cores e vê-se sons). Sensação de levitação, despersonalização mística em que o indivíduo se sente unido ao Universo deixando de ser uma unidade individualizada
Má viagem ou "bad trip" em que o consumidor tem sensação intensa de pânico e delírios paranóides que podem durar até cerca de 2 dias
Estas reacções descontrolados provocam ocasionalmente acidentes mortais
Crises psicóticas com delírios e alucinações
Flash-backs ou períodos efémeros nos quais o ex-consumidor volta a sentir os efeitos do consumo até um ano depois de deixar de consumir
Tabaco
Relaxamento psicológico, facilitador da concentração
Aumento do ritmo cardíaco e hipertensão, tosse e problemas cardíacos e vasculares graves em indivíduos predispostos
Doenças pulmonares e cancros
Doenças vasculares (enfarte do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais, gangrena dos membros e impotência sexual)

O que são as drogas

Todo mundo já tem uma ideia do significado da palavra droga. Em linguagem comum, de todo dia ("Ah que droga" ou " logo agora droga" ou ainda, "esta droga não vale nada!") droga tem um significado de coisa ruim, sem qualidade. Já em linguagem médica, droga é quase sinonimo de medicamento. O termo droga teve origem na palavra droog (holandês antigo) que significa folha seca , isto porque antigamente quase todos os medicamentos eram feitos à base de vegetais. Actualmente, a medicina define droga como sendo: qualquer substância que é capaz de modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento.
A palavra psicotrópico é composta de duas outras: psico e trópico. Psico é fácil de se entender, pois é uma palavra grega que significa nosso psiquismo (o que sentimos, fazemos e pensamos, enfim o que cada um é). Mas trópico não é como alguns podem pensar, referente a trópicos, clima tropical... A palavra trópico aqui relaciona-se com o termo tropismo que significa ter atracão por. Então psicotrópico significa atracção pelo psiquismo e drogas psicotrópicas são aquelas que actuam sobre o nosso cérebro, alterando nossa maneira de sentir, de pensar e, muitas vezes, de agir. Mas estas alterações do nosso psiquismo não são sempre no mesmo sentido e direcção. Obviamente elas dependerão do tipo de droga psicotrópica que foi ingerida.O Sistema Nervoso Central (SNC), contido na caixa craniana, tem como principal órgão o cérebro. Dependendo da acção no cérebro, as drogas psicotrópicas são divididas em três grandes grupos.Um primeiro grupo é aquele de drogas que diminuem a actividade do nosso cérebro, ou seja, deprimem o funcionamento do mesmo, o que significa dizer que a pessoa que faz uso desse tipo de droga fica "desligada", "devagar", desinteressada pelas coisas. Por isso estas drogas são chamadas de Depressoras da Actividade do Sistema Nervoso Central
Num segundo grupo de drogas psicotrópicas estão aquelas que actuam por aumentar a actividade do nosso cérebro, ou seja, estimulam o funcionamento fazendo com a pessoa que se utiliza dessas drogas fique "ligada", "eléctrica", sem sono. Por isso essas drogas recebem a denominação Estimulantes da Actividade do Sistema Nervoso Central.Finalmente, há um terceiro grupo, constituído por aquelas drogas que agem modificando qualitativamente a actividade do nosso cérebro; não se trata portanto, de mudanças quantitativas como de aumentar ou diminuir a actividade cerebral. Aqui a mudança é de qualidade. O cérebro passa a funcionar fora do seu normal e a actividade cerebral fica perturbada. Por essa razão este terceiro grupo de drogas recebe o nome de Perturbadores da Actividade do Sistema Nervoso Central

Origem da Droga

A maconha Maconha, marijuana, diamba, liamba, fumo de angola são alguns dos nomes populares da Cannabis. Originária da Ásia Central e Ocidental, a maconha se estendeu por todas as regiões temperadas e quentes até a Índia (nota 7). Há mais de 2.000 anos a.C. a maconha já era conhecida na Índia, china e Egito pelos seus efeitos medicinais. Suas fibras, longas e flexíveis, também já eram empregadas desde a mais remota antiguidade na manufatura têxtil. Não se sabe ao certo desde quando os asiáticos preparam o haxixe, mas a origem de seu nome é atribuída a uma lenda que pode dar indícios de sua antiguidade. Conta a lenda que houve no Líbano um príncipe, Hassabem-Samar-Homaisi, apelidado de velho da montanha, que viveu por volta de 1.090 e 1.160 d.C. Dizia-se que o príncipe conseguia tudo o que queria, até mesmo o assassinato de seus adversários mediante a ação do haschisch (nota 8). O príncipe fazia com que seus soldados tomassem o haschich para fanatizá-los e dar-lhes, assim, fúria e intrepidez quando fossem assassinar os inimigos. A lenda chamou-lhe, por isto, príncipe dos haschichinos, daí a origem árabe da palavra assassino (nota 9). Curiosidades à parte, até o início do século a maconha era empregada, inclusive no Brasil, no tratamento de pessoas com asma. Naquela época, à semelhança de outras drogas cujo consumo hoje é proibido por lei, a maconha era vendida como uma espécie de maravilha curativa. Entre 1842 e 1900, a erva respondia por metade do receituário médico prescrito nos Estados Unidos (nota 10: Veja, 07/06/95). No Brasil do início do século, o uso da maconha era restrito aos morros e favelas. Entre os intelectuais e milionários que iam estudar na Europa, o uso da morfina já era uma moda, assim como o da cocaína entre artistas e membros da alta sociedade. Entretanto, o maior ímpeto repressivo era aplicado sobre os usuários da maconha, que eram acusados de envolvimento com a criminalidade (nota 11). A partir dos anos 60 podem ser observadas mudanças no perfil do usuário da maconha. Saindo dos meios miseráveis, a maconha conquistou a classe média, especialmente a geração hippie e os jovens. O aumento da criminalidade deixa então de ser associado com os usuários da maconha e passa a ser relacionado com a estrutura do tráfico. A coca e a cocaína A coca é o nome popular do gênero Erytroxylum, que tem cerca de 250 espécies em todo o mundo. As únicas que contêm cocaína são as duas espécies sul-americanas: Erytroxylum coca e Erytroxylum novogranatensis. A Erytroxylum coca é originária da Bolívia e do Peru e tem duas variedades: a coca e o epadú. Esta espécie é considerada de melhor qualidade e é a mais usada para a fabricação da cocaína, já que tem um maior teor deste alcalóide. A Erytroxylum novogranatensis cresce no Peru e na Colômbia e também tem duas variedades: a novogranatensis propriamente dita (de Nueva Granada) e a variedade truxillense (a coca de Trujillo). Também chamada de tupa coca, coca noble ou coca dulce, a truxillense era preferida pelos incas pelo seu gosto mais doce. É esta coca que é exportada legalmente para a fabricação de refrigerantes (nota 12). Segundo Cabieses (1992), desde épocas imemoriais a coca vem sendo reverenciada pelos povos da região andina e, em alguns casos, chegou a ser considerada uma divindade. Fazia parte de uma multiplicidade de cerimônias religiosas, ritos funerais e mágicos em quase todas as culturas pré-colombianas desta região. Seu efeito sobre o organismo humano abolindo a fadiga, a dor e a fome sempre foi considerado como algo sobrenatural e seu culto não somente teve uma importância religiosa, mas também política ao extremo de que uma das imperatrizes, esposa do inca Mayta Ccapac, adotou o nome sagrado de Mama Coca (nota 13: CABIESES, Fernando. Op. cit.). Em tempos pré-incaicos, era um costume generalizado, freqüente em todas as classes sociais e econômicas, colocar pequenas bolsas (chuspas) cheias de folhas de coca nos túmulos para reconfortar o morto em sua viagem prolongada até o “outro lado”. Segundo Cabieses (1992), esse costume manteve-se também em período incaico, mas o consumo da coca durante a vida era um privilégio muito exclusivo da elite imperial e o cidadão comum só a consumia em ocasiões muito especiais. Durante a conquista espanhola, a coca se converteu em centro de uma agitada discussão. Depreciada pelos conquistadores que consideravam seu uso um hábito repugnante, as massas indígenas, famintas e fatigadas, passaram a ter fácil acesso à coca. Aliás, esta era um barato substituto do salário e da alimentação do trabalhador índio (nota 14: CABIESES, Fernando. Op. cit.). Seu uso se generalizou durante a colonização. Entretanto, a coca não constitui apenas um mero estimulante capaz de aliviar a dor e o cansaço, mas também um meio essencial de integração social e de solidariedade humana no mundo andino. Chamada por Cabieses de “filha maldita da coca”, a cocaína foi sintetizada em 1857 pelo alemão Albert Niemman, que publicou sua descoberta em 1860. Em 1863, Angelo Mariani já havia consolidado seu uso em Paris. A coca era vendida em chás, elixires e nos vinhos Mariani, que logo ficaram muito populares por toda a Europa. O sucesso destes produtos logo chegou aos Estados Unidos, onde eram comercializados pelos laboratórios Parke Davis. O prestígio dos cordiales da coca e dos vinhos Mariani era tanto que estes produtos chegaram a ser recomendados por Thomas Edson e pelo presidente Mac Kinley (nota 15: CABIESES, Fernando. Op. cit.). Sua popularidade desde então passou por altos e baixos. Inicialmente vendida como a panacéia de todos os males, a cocaína foi perdendo o prestígio quando foram descobertos seus efeitos perigosos, até ser finalmente proibida pela Convenção de Haia, em 1912. Os opiáceos (nota 16) As propriedades calmantes, soníferas e anestésicas do ópio já são conhecidas há mais de 4.000 anos. O ópio é extraído da papoula, planta anual herbácea da família das papaceráceas. Originária da região mediterrânea oriental, a papoula está adaptada aos climas quentes. O processo de extração de seu sumo é relativamente complexo, portanto, os antigos comiam a flor inteira ou a maceravam para obter o sumo (nota 17). Na Mesopotâmia, os sumérios curavam doenças com infusões obtidas a partir da papoula. Mais tarde, os assírios e depois os babilônios herdaram a arte de extrair o suco leitoso dos frutos para fazer remédios. Hipócrates foi um dos primeiros a descrever seus efeitos medicinais contra diversas enfermidades. Mais tarde, um médico grego em Roma, dois séculos depois de Cristo, padronizou a preparação do ópio com uma fórmula (o mitridato) que receitava aos gladiadores. Por volta do século VII, turcos e árabes islâmicos da Ásia Ocidental descobriram que efeitos mais poderosos da droga eram obtidos pela inalação da fumaça do suco da papoula solidificada. Ampliam seus cultivos e passam a obter grandes lucros com sua comercialização em novos mercados. Seu uso logo se difundiu na Índia e na China, para aliviar a dor, a fome e as agruras da subnutrição. Apenas no começo do século XI é que os médicos árabes notam que o organismo desenvolve tolerância aos efeitos do ópio, isto é, que uma pessoa precisa usar mais ópio para obter os mesmos efeitos de antes. No começo do século XVI, o uso do ópio já era difundido pela Europa, mas diminui quando a Igreja Católica passa a controlar os remédios. Nesta época, um médico e alquimista suíço, Paracelso, elaborou um concentrado de suco de papoula - o láudano. As teorias de Paracelso e as de seus seguidores de que o uso do láudano tinha o poder de curar muitas doenças e até de rejuvenescer, disseminaram o seu uso em todo o mundo ocidental tornando-o popular durante o século XVIII. Com a expansão das rotas comerciais, o ópio já se tornara uma droga universal. No início do século XIX, autorizada pela Coroa britânica, a Companhia das Índias Ocidentais passa a deter o monopólio da venda do ópio no sudeste asiático e chegam ao controle do comércio com o oriente, até então dominado pelos árabes. As guerras do ópio na China, já suficientemente conhecidas, só tem seu desfecho em 1856, com o Tratado de Nanquim. Em 1803, Frederick Sertuener, um cientista alemão, tendo observado que os diferentes subprodutos da papoula produziam diferentes efeitos, procurou isolar os elementos narcóticos do ópio. No mesmo ano, obteve um cristal alcalóide de efeitos muito intensos a que denominou morfina. Seu uso popularizou-se sobretudo a partir de meados do século XIX, devido à invenção e ao aperfeiçoamento da seringa hipodérmica, que tornou a aplicação da droga mais eficaz, dada a rápida absorção pela corrente sanguínea. Em 1874, C. R. Wricht, um químico inglês, sintetizou a diacetilmorfina, que só 25 anos depois ficou conhecida do público. Em 1898, Heinrich Dresser, um químico da Bayer, também obteve a diacetilmorfina. Logo, a empresa alemã Bayer iniciou a produção industrial da substância, batizando-a com o nome de heroína que, com o tempo, deixou de ser marca comercial tornando-se o nome comum da droga. No final do século XIX, a heroína foi objeto de intensa campanha comercial. Era indicada contra a tosse e outras enfermidades. Entretanto, os pesquisadores logo descobrem que a heroína produzia a mesma dependência característica da morfina. A Bayer suspendeu a propaganda, mas continuou a distribuir o produto, que permaneceu disponível por toda uma geração em laboratórios de todo o mundo. Nenhuma droga teve o prestígio medicinal do ópio e de seus derivados. Cola de sapateiro e lança-perfume – Possuem substâncias classificadas entre as drogas inalantes. O toluene é o ingrediente ativo na cola. Tem efeito similar ao do álcool: euforia, perda da coordenação motora e, no extremo, vômitos e coma. Descoberto no século XIII e usado como anestésico, o éter, principal ingrediente do lança-perfume, passa a ter uso recreativo por volta de 1700, na Inglaterra. A substância deprime o sistema nervoso e pode provocar gastrite e enfarte.
Tipos de Drogas

Drogas estimulantes
As drogas estimulantes mais conhecidas são as anfetaminas, a cocaína e seus derivados. As anfetaminas podem ser ingeridas, injetadas ou inaladas. Sua ação dura cerca de quatro horas e os principais efeitos são a sensação de grande força e iniciativa, excitação, euforia e insônia. Em pouco tempo, o organismo passa a ser tolerante à substância, exigindo doses cada vez maiores. A médio prazo, a droga pode produzir tremores, inquietude, desidratação da mucosa (boca e nariz principalmente), taquicardia, efeitos psicóticos e dependência psicológica.

A cocaína também pode ser inalada, ingerida ou injetada. A duração dos efeitos varia, as a chamada euforia breve persiste por 15 a 30 minutos, em média. Nos primeiros minutos, o usuário tem alucinações agradáveis, euforia, sensação de força muscular e mental. Os batimentos cardíacos ficam acelerados, a respiração torna-se irregular e surge um quadro de grande excitação. Depois, ele pode ser náuseas e insônia. Segundo os especialistas, em pessoas que têm problemas psiquiátricos, o uso de cocaína pode desencadear surtos paranóides, crises psicóticas e condutas perigosas a ele próprio ou a terceiros. Fisicamente, a inalação deixa lesões graves no nariz e a injeção deixa marcas de picada e o risco de contaminação por outras doenças (DST/aids). Em todas as suas formas, causa séria dependência, sendo o crack o principal vilão.

Drogas depressoras
No conjunto das drogas depressoras, as mais conhecidas são o álcool, os soníferos, a heroína, a morfina, a cola de sapateiro, os remédios ansiolíticos e antidepressivos (barbitúricos) e seus derivados. Seu principal efeito é retardar o funcionamento do organismo, tornando todas as funções metabólicas mais lentas.

A heroína é uma substância inalável. Excepcionalmente, pode ser injetada, o que leva a um quadro de euforia. Quando inalada, porém, resulta em forte sonolência, náuseas, retenção urinária e prisão de ventre – efeitos que duram cerca de quatro horas. A médio prazo, leva à perda do apetite e do desejo sexual e torna a respiração e os batimentos cardíacos mais lentos. Instalada a dependência, o organismo apresenta forte tolerância, obrigando o usuário a aumentar as doses. A superdosagem pode resultar em coma e morte por insuficiência respiratória.

Os derivados da morfina apresentam efeitos muito parecidos com os da heroína, porém, com características euforizantes menores. Seu efeito depressor é explorado pela Medicina há várias décadas, principalmente no alívio da dor de pacientes com câncer em estado terminal.

Outra preocupação constante dos médicos é o uso abusivo dos antidepressivos, soníferos e ansiolíticos (barbitúricos). Para pessoas que têm doenças psiquiátricas, como as depressões e os distúrbios de ansiedade, estas drogas são extremamente importantes, pois o tratamento adequado atenua o mal-estar e permite que o indivíduo leve uma vida normal. No entanto, só um médico é capaz de identificar quem deve usar e em que dosagem. Como o próprio nome indica, os antidepressivos aliviam a ansiedade e a tensão mental, mas causam danos à memória, diminuição dos reflexos e da função cardiorrespiratória, sonolência e alterações na capacidade de juízo e raciocínio. A conduta do usuário é muito parecida com a do dependente alcoólico. Em pouco tempo, estas drogas causam dependência, confusão, irritabilidade e sérias perturbações mentais.

Alucinógenos
As drogas alucinógenas mais comuns são a maconha, o haxixe, o LSD, os cogumelos e o ecstasy.

A maconha e o haxixe são usadas em forma de cigarro (também pode ser cheirada ou ingerida). Seu efeito dura entre uma e seis horas. Inicialmente, o usuário tem a sensação de maior consciência e desinibição. Ele começa a falar demais, rir sem motivo e ter acessos de euforia. Porém, ele pode perder a noção de espaço (os ambientes parecem maiores ou menores) e a memória recente, além de apresentar um aumento considerável do apetite (“larica”). A maconha costuma afetar consideravelmente os olhos, que ficam vermelhos e injetados. Com o tempo, pode causar conjuntivite, bronquite e dependência. Em excesso, pode produzir efeitos paranóicos e pode ativar episódios esquizofrênicos em pacientes psicóticos.

O LSD é encontrado em tabletes, cápsulas ou líquido e é ingerido. Sua ação dura entre 10 e 12 horas. Inicialmente, a droga intensifica as percepções sensoriais, principalmente a visão, e produz alucinações. Com o tempo, pode causar danos cromossômicos sérios, além de intensificar as tendências psicótica, à ansiedade, ao pânico e ao suicídio, pois gera um medo enlouquecedor. O usuário costuma dizer que ouve, toca ou enxerga cores e sons estranhos; fala coisas desconexas e tem um considerável aumento da pupila.

Já o cogumelo, geralmente, é ingerido em forma de chá. Seu efeito dura cerca de seis a oito horas, propiciando relaxamento muscular, náuseas e dores de cabeça, seguidos de alucinações visuais e auditivas. A médio prazo, não se conhecem seus efeitos sobre o organismo. Seus sintomas são muito parecidos com os do LSD.

Mais recentemente, surgiu no mercado das drogas o Ecstasy, um comprimido que vem sendo comercializado cada vez mais em todo o mundo. Seus efeitos também são alucinógenos, como no caso do LSD e a dependência é inevitável.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

As drogas

O que a droga faz ...

> Para entender o efeito causado pelas drogas, é importante compreender alguns aspectos da complexa – e ainda pouco desvendada – química do cérebro humano, a neuroquímica.


Nosso cérebro é formado, basicamente, por neurônios. Essas células, uma vez danificadas, não se regeneram.Conexões neurais
As drogas psicotrópicas agem no Sistema Nervoso Central (SNC), cujo órgão principal é o cérebro. O cérebro humano é formado em grande parte por neurônios, células muito sensíveis responsáveis por transmitir informações nervosas. Quando nosso cérebro vai executar qualquer coisa – desde aquelas que controlamos, como falar ou correr, até as que não dependem de nossa vontade, como respirar ou manter o coração em funcionamento –, entram em ação os impulsos nervosos. Impulsos nervosos são sinais formados basicamente por estímulos químicos, que desencadeiam um sinal elétrico. Esse sinal passa de um neurônio para outro, transmitindo a informação necessária para o cumprimento da ação. Toda essa atividade elétrica do cérebro pode ser monitorada pelos médicos em um exame de eletroencefalograma, por exemplo.