terça-feira, 17 de março de 2009

Quem inventou as drogas ?

Os fabricantes de cigarro levaram 40 anos para admitir o que já sabiam desde os anos 1950: o fumo causa câncer de pulmão. Nesse período, "a indústria do tabaco cometeu uma sucessão de fraudes, propagou mentiras com ares de controvérsia científica e enganou os consumidores num nível provavelmente inédito na história do capitalismo". Assim começa o excelente livro "O Cigarro" (Publifolha, 87 pág.), de Mario Cesar Carvalho.Nele, o autor conta a história do cigarro desde suas origens. Diz que o capelão da primeira expedição francesa ao Brasil, em 1556, já relatou seu uso entre os tupinambás. Daqui, o fumo emigrou clandestinamente para Portugal e para a Espanha.Fumar cigarro era raridade até o final do século 19. Em 1880, cerca de 58% dos usuários de tabaco eram mascadores de fumo, 38% fumavam charuto ou cachimbo, 3% cheiravam rapé e apenas 1% era fumante de cigarro. Nesse ano, o americano James A. Bonsack inventou uma máquina capaz de enrolar 200 cigarros por minuto, o que criou condições para o aparecimento da indústria.Então veio a distribuição de cigarros aos soldados nas trincheiras, durante a Primeira Guerra, e seu uso, que se achava restrito às camadas marginais das sociedades americana e européia, explodiu. Em 1900, o consumo anual americano era de cerca de 2 bilhões de cigarros; em 1930, chegou a 200 bilhões. As duas guerras mundiais, que afrouxaram a oposição ao cigarro, a urbanização acelerada, a criação do mercado de massa e a expansão do mercado de trabalho, criaram as condições para que a epidemia do fumo se espalhasse pelo mundo, envolta em glamour por Hollywood, como símbolo de modernidade.Descrito com clareza o cenário que levou à disseminação dessa praga do século 20 pelos cinco continentes, o autor mostra como ocorreu a tomada de consciência da sociedade em relação aos malefícios do fumo e como a indústria boicotou as informações científicas que esclareciam a associação do cigarro com o câncer e com as doenças cardiovasculares. Até a década passada, por exemplo, a indústria se negava a reconhecer até o mais óbvio: que a nicotina provoca dependência, num deboche cínico aos que enfrentam o tormento de parar de fumar.Essa guerra suja, engendrada por executivos de terno e gravata e por pesquisadores sem escrúpulos alugados por eles, é apresentada de forma sucinta e contundente, justificando plenamente a conclusão inicial de que a indústria enganou de forma vil os consumidores, provocando milhões de mortes evitáveis.A estratégia de rebater todas as evidências de que o cigarro provoca doenças mortais conseguiu assegurar aos fabricantes o direito de manter, por muitos anos, a propaganda do cigarro pelos meios de comunicação de massa, com mensagens dirigidas a adolescentes, concebidas para aliciá-los à escravidão da dependência de nicotina. Existe, na história do capitalismo, exemplo mais abominável de crime contra as crianças, perpetrado em nome do lucro?Nos dias de hoje, esse aliciamento criminoso se faz sentir especialmente nos países em desenvolvimento, nos quais a defesa da saúde pública ensaia os primeiros passos e a vida humana parece valer menos. Conformada com a perda de mercado nos países industrializados, a indústria do fumo descarrega seu poder de fogo para conquistar novos dependentes nos países pobres.No Brasil, apesar do avanço inegável dos últimos anos, a adoção de medidas restritivas à publicidade do cigarro aconteceu com 30 anos de atraso em relação aos Estados Unidos, como nos lembra o autor. Desde 1971, é proibido anunciar cigarro na TV americana; no Brasil, a proibição foi feita há pouco mais de um ano. Durante 30 anos, nossas crianças foram bombardeadas com mensagens para induzi-las a fumar, enquanto as americanas eram protegidas pela legislação de seu país.Da mesma forma, atualmente, enquanto as multinacionais da indústria de tabaco concordaram em pagar 246 bilhões de dólares para convencer os 50 estados americanos a desistir de mover contra elas ações por fraude contra a saúde pública, aqui não arcam nem sequer com um centavo das despesas com o tratamento das doenças provocadas pelo cigarro. Por quê? Para essas companhias, a vida de um cidadão americano vale mais?Nesse campo vale a pena acompanhar com todo o cuidado a ação que a Associação em Defesa da Saúde do Fumante (Adesf) move contra a Souza Cruz e a Philip Morris e que conseguiu, no Supremo Tribunal, a inversão do ônus da prova, isto é, as companhias é que terão de provar que cigarro não vicia. Foi uma ação similar a essa que possibilitou o acordo de US$ 246 bilhões nos Estados Unidos, como bem ressalta Carvalho.O ponto alto do livro, no entanto, está no capítulo "Por que o Cigarro Conquistou o Mundo". Nele, o autor toca num ponto quase nunca lembrado, mas absolutamente fundamental para entender qualquer dependência química: o usuário sente prazer ao consumir a droga.No caso da nicotina, esse prazer está ligado à sua interação imediata com receptores dos neurônios situados em áreas do cérebro associadas às sensações de prazer e de recompensa e à busca da repetição do estímulo que provocou o prazer. Se um cigarro for consumido em dez tragadas, o autor calcula, o cérebro do fumante de um maço por dia verá esse circuito repetir-se 73 mil vezes por ano. E pergunta com lógica cristalina: que outra droga provoca 73 mil impactos de prazer num ano? Nessa pergunta elementar está a resposta à dificuldade enfrentada pelos 80% ou mais dos que fracassam na tentativa de abandonar o cigarro. Nela está a explicação de por que é mais difícil largar do cigarro do que do álcool, da maconha, da cocaína, da heroína, da morfina ou do crack.

Porque as drogas ?



O Problema da drogas e tóxicos não é uma criação do século XX, apesar de que em sua última parte tenha alcançado um maior desenvolvimento. Poder-se-ia mesmo afirmar que as drogas acompanham o homem desde tempos bem remotos. Inúmeras referências ao uso de plantas, cujos efeitos alucinógenos foram resgistrados pela literatura contemporânea, são encontradas nos relatos históricos da trajetória do homem sobre a Terra.A origem do culto ao peiote (espécie de cacto mexicano, do qual se extrai a mescalina) está perdida no tempo. Jamais alguém poderá dizer, com certeza, quais foram as circustâncias ou razões que levaram a primeira pessoa a entrar em contato com as propriedades secretas desse cacto, nos escaldantes desertos do México. Podemos deduzir que o encontro da droga deu-se ao acaso; isto é, da procura de alimentos por parte de algum desgarrado que, reduzido aos extremos da fome e fadiga, pôs-se a devorar o que quer que fosse, que lhe estivesse ao alcance das mãos. Podemos imaginar esse homem, há muito já esquecido, asteca ou pré-asteca, depois de ter mastigado alguns pedaços do cacto amargo e sauseante, deitando-se à sombra de um arbusto para descansar, e de repente sentir-se rodeado de visões fantásticas, que se apresentavam em formas, cores e até perfumes, com os quais jamais sonhara. Certamente, foi alguém assim que, ao chegar de volta ao seio de sua tribo, narrou a prodigiosa descoberta recém-feita: a existência de uma dinvidade em determinado cacto, cuja polpa tinha o dom de colocar aquele que a comesse, no limiar de um mundo paradisíaco.Dessa maneira, quando os espanhóis chegaram ao México, constataram que os astecas não somente veneravam alguns deuses, como Quetzaltcoatl e Huitzilpochtli, mas também uma planta chamada peiote, também conhecida como a carne dos deuses.

terça-feira, 10 de março de 2009


> NÃO USE DROGAS ,

USE A INTELIGÊNCIA !

Que fazer com as drogas


Os pais que tendem a ansiedade e ao desespero quanto ao assunto, vale registrar a posição do Cedrid (Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas Psicotrópicas, da Universidade de São Paulo) que recomenda que os pais não devem demonstrar falta de atenção ou indiferença, nem devem transmitir excessiva preocupação, insegurança e pânico, aos filhos.
Também não basta falar sobre os malefícios das drogas, ou levar os filhos a assistir palestras com especialistas ou, ainda, fazê-los ler ou assistir reportagens de ocasião, em geral, superficiais, ingênuas e pouco reflexivas. Atitudes assim, mesmo bem intencionadas – inclusive de governos - , funcionam apenas para "converter os convertidos", mas não atraem, nem sabem seduzir os que já estão no campo de risco. Informar sobre os malefícios das drogas é importante, mas como tema isolado, não forma uma ética de responsabilidade. O caminho da discussão quanto à qualidade de vida parece ser melhor. Daí a Agenda para a referida Semana de Prevenção às Drogas, promovida pelo Governo do Paraná, em 2003, ter como primeiro tema a ser desenvolvido "Qualidade de vida e equilíbrio social...".
O esforço deve ir além de palestras sobre "qualidade de vida". A sociedade precisa se organizar e se preparar ampla e profundamente para educar a criança e o jovem no sentido de enfrentarem os perigos da sociedade contemporânea, em que a droga é apenas um dos vários elementos preocupantes. Trabalhar a nova organização familiar é necessário e urgente. "A família é uma espécie de prevenção e ajuda aos filhos contra o vício", afirma Wagner Gattaz, chefe do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de S.Paulo (por G.Dimenstein, FSP, 20/7/98).
Pesquisas apontam que os jovens com laços afetivos fortes, especialmente dentro da família, tendem a lidar melhor com o fascínio que as drogas oferecem. A historinha do patinho feio marca a importância do sentimento de inclusão em uma família. O sentimento de "familidade" (Osório, 1986 : 177) pode funcionar como prevenção. Todavia, para que esse "laço afetivo forte" exista é necessário que seja construído no dia a dia. O vínculo biológico nada vale se não existir o laço afetivo. É necessário que as funções "pai", "mãe", "irmãos", sejam simbolicamente definidas no imaginário das pessoas. Assim, o jovem que se cria dentro de um universo de referências, como se fosse uma bússola de orientação social e de vida, está mais bem preparado para enfrentar os perigos de nossa época; é mais difícil dele ser seduzido para outro grupo "familiar" ou do vicio.
Alguns equívocos
Entretanto, não basta sentir pertencendo a uma família para evitar cair na narcodependência. As drogas também acontecem nas "boas famílias". (Também acontecem em "boas escolas e universidades"). Há vários equívocos quanto a narcodependência. O jovem que experimenta uma droga pela primeira vez não será, necessariamente, um viciado. Isso depende de muitos fatores. Porém, drogas como o crack e a cocaína aumentam a probabilidade de levar uma pessoa normal se tornar um adicto ou dependente. Isto porque o poder viciante do crack é 80% (a cocaína é 50%), ficando difícil o sujeito sustentar que "pode parar quando quiser" (Tiba, 1998: 17).
A primeira experiência de uma "fumadinha" ou "cheiradinha" a convite do grupo de amigos, dos colegas da escola, de vizinhos ou parentes, representa maior risco de dependência do que o de ser pressionado pelo narcotraficante local. Em outras palavras, os pais precisam ter mais cuidado com as amizades dos filhos. Isso não quer dizer que os pais devam proibir os filhos de sair de casa, de ir as festas, de visitar ou dormir na casa de amigos, etc. Afinal, os jovens precisam e têm o direito de se divertir. O agir repressivo pode despertar a raiva e ressentimentos, a proibição pode aumentar o desejo e a curiosidade de saber como é. É preciso que os pais saibam não só criar nos filhos, mas formar neles o senso de responsabilidade, quanto as suas escolhas e ações. Isso não é tarefa fácil, mas deve ser trabalhado neles desde pequenos, como sendo um investimento, para que no futuro sejam bons cidadãos e saibam viver a liberdade com responsabilidade.
Vários estudiosos alertam que o álcool, os sedativos, as anfetaminas, os solventes (inalantes) ou preparados artesanais são a "rampa de lançamento para as drogas mais pesadas" (Yaria, 1992 : 129-ss). Contra a corrente que pretende a discriminalização da maconha, existe o forte argumento de que ela própria é porta de entrada para a dependência de drogas mais pesadas. Entretanto, tanto as drogas consideradas "leves" como as consideradas "pesadas", ambas podendo ser ilícitas ou lícitas, têm o poder de causar dependência ou adicção .
Por outro lado, slogans moralistas que consideram a droga como coisa ruim, negativa, demoníaca, podem ser ineficazes tanto nas relações domésticas como nas campanhas educativas. Evidentemente, as drogas têm o poder de arruinar a saúde e a vida das pessoas e da sociedade, porém, as campanhas antidrogas criadas por ONGs, apoiadas pelos governos e transmitidas pela mídia, por vezes trabalham com conceitos e valores diferentes dos usados pelos jovens e, por isso, podendo não funcionar, em termos de prevenção. O mesmo se pode dizer quanto à atitude autoritária e moralista de pais, da igreja e até da escola.
Em verdade, a maioria das campanhas antidrogas ou de "educação preventiva das drogas" nas escolas, fracassam porque ainda se baseiam na concepção conservadora da educação, é fundado na disciplina e na autoridade do pai, hoje ambos estão em declínio. Ou seja, elas trabalham com o pressuposto de que as crianças e os adolescentes são recipientes vazios que precisam ser cheios com informações, conhecimentos, valores morais e a necessidade de disciplinar o seu caráter para serem obedientes e aplicar castigos caso elas não cumpram com a expectativa dessa ideologia. Uma das críticas dessa concepção tradicional-conservadora, inspirada primordialmente em Rousseau, foi realizada pela escola progressivista, que criticava o tratamento de "objetos" ou seres passivos dispensados as crianças e aos adolescentes; a nova educação deveria reconhecer pessoas e jamais reduzi-las a objetos, isto é, pais e professores deveriam ter atenção e cuidados especiais às diferenças de cada criança. Elas são dotadas de liberdade de escolher, que caminho devem seguir, desde que não prejudiquem a ninguém; sua autonomia existencial deve ser valorizada, desde que não passem por cima dos outros.
Não estamos defendendo a educação progressista, mas sim criticando a educação tradicional-autoritária, pois além de não funcionar em nossa época termina sendo injusta para com as aspirações dos jovens. Quando se compara a educação autoritária e as liberais, muitas vezes se dizem que as primeiras eram fortes em metas e valores, mas fracas na aplicação do método, ao passo que a segunda é forte no método, mas fraca em discernir metas, limites e valores.
Ambas, porém, possuem uma fraqueza comum: o professor não está preparado para escutar a criança e entender o contexto e tempo em que ela vive. Pais e professores ainda vivem falando monólogos às crianças. Cem anos de psicanálise e psicologia e os pais e professores ainda não aprenderam a primeiro escutar para depois falar. Wittgenstein disse: "se não temos um conhecimento suficiente sobre um assunto, devemos nos calar". A atitude autoritária pensa que fazendo um discurso demonizador das drogas, repressão, e disciplina estariam realizando prevenção. A educação democrática, principalmente a de linha libertária ou centrada na criança, correm o risco de romantizar a educação e abandonar a criança a sua própria sorte. Ambas, enfim, não preparam o professor em melhorar o seu posicionamento para entender a situação como um todo.
Ou seja, em vez de demonizar as drogas, é preciso, antes, elaborar um entendimento sobre a complexidade das drogas. Não basta reduzir o problema a atos isolados de intervenção "especializada" em psiquiatria, psicologia, pedagogia, ou repressiva-policial, moralista-religiosa, etc. Os professores que ora são encarregados de mais essa tarefa para com as crianças e adolescentes carecem de uma ampla e profunda formação multi, trans e interdisciplinar sobre os problemas do mundo contemporâneo, isto é, a droga é um dos muitos que existem e que precisam de uma perspectiva para além do especialismo ou disciplinarismo.
Concluindo.
É preciso urgentemente "treinar" os professores (e pais), primeiro, para saber escutar os jovens, visando entender seu universo e uso que faz da linguagem bem como o seu modo de pensar a vida. Professores acham que são pagos sómente para discursar conhecimentos, não para escutar e compreender o universo dos alunos. Segundo, é preciso desenvolver procedimentos mais apropriados aos jovens, no sentido deles formarem um espírito ético próprio de vida, porém, antes de tudo, é preciso que eles próprios se impliquem no processo de conscientização e de responsabilização como sujeitos existentes num mundo cada vez mais complexo e de alto risco para se viver. Terceiro, é preciso cuidar para não cair naquilo que um psiquiatra chamou de "dialética das porcarias": seguir o autoritarismo ou o liberalismo, que pretende ser sua negação radical. Se por um lado, de nada adianta ter uma atitude repressiva para com aqueles que querem experimentar as drogas, por outro, também devemos ter o cuidado de não nos rendermos ao liberacionismo dominante da nossa sociedade pós-moderna, que passa para as crianças regras como: "tudo pode", "é proibido proibir", "vale tudo para ser feliz", etc. Tal como analisa Zizek (1999) e Lash (1990), o mundo ocidental passou a ser regido por um superego pós modernista que aparenta ser permissivo e hedonista, veladamente impondo a lei: "você pode". Com a decadência do Pai – a Lei-do Pai, segundo Lacan, foi suspenso o sentido de "autoridade", de "disciplina" e de "castigo moral". A Lei-do-pai foi substituída pela "lei materna" (sic), que traz o sentido de permissividade, de "sem limites", impondo agora a "obrigação de se divertir, de "curtir a vida" adoidado, à qualquer preço, como se isto fosse uma espécie de dever e sentido único de viver.
Enfim, é preciso se evitar cair nesse dois extremos de filosofia educativa, que têm conseqüências no trabalho preventivo sobre as drogas. Devemos ampliar nossa perspectiva para além das contradições e das especialidades (Morin, 2002), pois o problema das drogas implica em pensar e agir para além das drogas. (Esse assunto não acaba aqui).

Drogas leves .


Texto explicativo sobre os efeitos do consumo de drogas leves

Habitualmente chama-se droga a toda a substância, susceptível ou não de aplicações médicas, que se usa (por auto-administração) para fins distintos dos que são legítimos em medicina, e que pode produzir uma modificação - fisiológica ou psíquica - no organismo humano.
As drogas produzem um estado físico ou psíquico que pode ser prazenteiro ou desagradável. No primeiro caso costumam levar progressivamente à necessidade de administrar doses mais elevadas, criando uma situação de "dependência" no consumidor.
A dependência é uma necessidade mais ou menos irresistível - de origem física ou psíquica ou ambas - de continuar a consumir a droga que a gerou. Manifesta-se de modo ostensivo quando se interrompe repentinamente a administração da droga, produzindo-se então aquilo que se conhece por "síndrome de abstinência". As manifestações desse síndrome variam muito de uns sujeitos para outros (em função da idade, tolerância à droga, tipo de substância, etc.); em todos eles, no entanto, aparecem alterações psicopatológicas mais ou menos importantes e inclusivamente graves. A dependência é por vezes tão forte que o drogado se sente arrastado a empregar todos os meios, lícitos ou ilícitos, para satisfazer a necessidade que tem.
Na linguagem comum, designa-se por drogas leves a marijuana, o haxixe, anfetaminas e alguns analgésicos e tranquilizantes.

Formas de consumo de drogas

a) Uso esporádico.

É a administração da droga em dose única ou de forma esporádica, ocasional. Nestas condições, se se faz numa dose pequena, não costuma originar nenhuma predisposição ou necessidade de continuar a consumir a droga. Os efeitos que produz, quando é consumida por pessoas normais - coisa muito pouco frequente - são autocontroláveis, ainda que aqui há excepções na forma de resposta do sujeito. Mas não convém esquecer que o uso da droga está normalmente em relação com conflitos e dificuldades da personalidade e com problemas morais; é difícil que uma pessoa centrada na vida, equilibrada e com costumes sãos, caia neste desejo de experimentar o que sabe que com facilidade pode ter graves consequências. De qualquer modo, é preciso dar a conhecer o perigo que supõe iniciar-se no consumo destes produtos (por curiosidade ou desconhecimento dos seus efeitos) pensando falsamente que as drogas leves são inofensivas.

b) Uso habitual.

É o uso da droga de uma forma continuada. Não é fácil determinar o momento em que se passa da administração mais ou menos periódica ao uso continuado ou abuso da droga: depende das pessoas, das quantidades ingeridas e da periodicidade do uso e da composição das substâncias empregadas - questão esta impossível de conhecer na prática, dado o carácter clandestino do mercado.
Dado que o organismo se acostuma à droga, para que esta produza os seus efeitos é necessário que a sua administração se faça em doses maiores e com maior frequência. A este fenómeno chama-se "tolerância": o organismo necessita progressivamente de uma dose maior - uma vez que se habituou a essa substância - para que o sujeito obtenha as mesmas sensações. O sujeito, em consequência, torna-se cada vez menos dono de si; a droga aumenta a sua tirania e está-se a caminho de passar a depender dela, com perigo próximo de intoxicação. Ou, pelo menos, de necessitar das drogas "duras", que com rapidez levam à intoxicação. A medicina mostra que os efeitos da marijuana são graves, apesar da sua promoção como inócua (inclusivamente chegam a afirmar falsamente que é menos grave que o álcool e o tabaco).

c) Intoxicação.

É o estado de situação produzido pelo abuso da droga. As repercussões no organismo são muito graves, chegando a produzir a morte. Não se pode esquecer a potenciação dos seus efeitos com álcool, barbitúricos e outras drogas.

Efeitos das drogas leves

Os efeitos produzidos por diferentes drogas leves são parecidos. Por isso são enumerados conjuntamente.

a) Uso esporádico.

Os efeitos que produz a administração da droga em doses "normais" (não altas) e quando esta se toma em dose única ou sem chegar ao abuso são:

- Estado de ânimo: num primeiro momento, sensação de bem-estar; facilidade de expressão verbal; e mudanças qualitativas nas capacidades perceptivas e sensoriais. Depois, quando se passa o momento eufórico, depressão psíquica; disforia; fadiga.
- Capacidade de trabalho: maior rendimento naqueles sujeitos que quando a tomam se encontram sem fadiga; exaltação ou inibição de certas destrezas psicomotoras; reduz a fadiga e a insónia.
- Sexualidade: aumento da sensibilidade, particularmente nas mulheres, inicialmente, mas seguida de embotamento, apatia, frigidez. Se a dose é alta, nos homens pode produzir impotência. Aumento da fantasia.
- Audição: reduz a agudeza auditiva.
- Sistema cardio-vascular: taquicardia; subida da tensão arterial; vasoconstrição periférica.
- Irrigação cerebral: vasoconstrição das artérias cerebrais.

É interessante destacar que o uso esporádico de drogas leves costuma apresentar-se sob o pretexto de se pôr em forma. Na realidade, o que muitas vezes se oculta sob este pretexto é uma depressão leve ou certas crises de ansiedade e desespero perante as frustrações de cada dia, que o sujeito tolera muito mal. No entanto, não se valorizam do ponto de vista moral os efeitos da apatia, da depressão psíquica, a diminuição da capacidade de concentração, os riscos de incorrer em pecados de luxúria, não só pelo efeito afrodisíaco de algumas delas, como pela obnubilação de consciência que produzem.

b) Uso habitual.

Os efeitos que produz o uso habitual da droga são os seguintes:
- Estado de ânimo: diminuição da tolerância ao efeito eufórico. Disforia crescente: ânimo deprimido; irritabilidade; suspicácia; fobias; apatia. Mudança busca até psicose paranóide.
- Rendimento: diminuição progressiva do rendimento. Diminuição da memória e da capacidade de concentração.
- Estado vigil: reduz a sensação de fadiga durante os estados de privação do sono.
- Sexualidade: gradual redução da excitabilidade sexual nos homens: tendência à impotência. Hiperexcitabilidade ou frigidez sexual nas mulheres, segundo os casos.
Como consequência, tende-se a aumentar a dose e a periodicidade no consumo da droga a fim de conseguir os efeitos (no fundo - dizem - são só 'sensações') próprios do estado de euforia motivados pela sua administração. As pessoas que se encontram nesta situação, tendem a infravalorizar os aspectos negativos que foram assinalados, apoiando-se nos comentários doutros iniciados, que lhe tornam muito difícil escapar a essa dependência.
Não deve omitir-se, entre os efeitos, a desorganização considerável da estrutura da personalidade que submete a inteligência à servidão das chamadas 'sensações', nem sempre prazenteiras, e aniquila a capacidade motivadora de qualquer valor ou ideal, tornando impossível viver a virtude da temperança e outras virtudes.

c) Intoxicação:

- Psicose paranóide: alucinações auditivas e visuais. Delírio paranóide sem estado confusional. Grande estado de ansiedade. Impulsividade. Agressividade. Actos homicidas.
- Conduta estereotipada: actos compulsivos de tipo repetitivo, descuidando o próprio corpo, ingerindo um único tipo de alimentos, etc.
- Síndrome coreico: hipotonia muscular nas extremidades. Movimentos involuntários faciais, de mãos, cabeça (rotação, flexão, extensão).
- Síndrome de excitação: quadro de excitação psicomotora acompanhado de aumento de pressão sanguínea. Taquicardia. Hipertermia. Dilatação pupilar. Pele pálida e fria. Evolução a um quadro letal por colapso circulatório, etc.
- Síndrome disautonómico: grande ansiedade. Taquicardia motora. Pele pálida. Náuseas; vómitos. Convulsões generalizadas. Coma. Choque cardiovascular.
- Acidentes cerebrovasculares: hemorragia cerebral. Cefaleia intensa. Hemiparestesia. Hemiparesia.
- Condutas desajustadas e anti-sociais: o uso habitual da drogas leves bloqueia a nível do sistema nervoso a relação que articula os nossos actos com as suas consequências. O que antes era uma fonte motivadora, transforma-se agora em indiferença. Inclusivamente, após seis meses ou um ano sem consumir estas substâncias, o "indiferentismo", a apatia, o aborrecimento persistem. Nada apetece e nada satisfaz. É muito difícil que algum trabalho se destaque como uma tarefa com sentido, gratificadora ou que minimamente satisfaça. As condutas desajustadas e socialmente desadaptadas ou anti-sociais costumam ser uma constante neste período de desabituação, que pode prolongar-se durante um ou vários anos.

terça-feira, 3 de março de 2009

Droga mata em Portugal


Portugal é um dos países europeus onde o consumo de drogas causou mais mortes em 2005, além de ser onde se regista a maior incidência de Sida e VIH entre os consumidores de droga injectável.Uma elevada taxa de mortalidade entre os consumidores em 2005 e uma igualmente alta percentagem de infecções com Sida e VIH no conjunto de consumidores de drogas injectáveis são os pontos negros do relatório.
Cannabis estabiliza, cocaína aumenta
Enquanto o consumo de heroína e de droga injectada se tornam menos comuns, o uso de 'cannabis' poderá estar a estabilizar, após um período de crescimento constante, apontam os dados do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência. Quase um quarto da população adulta da UE - cerca de 70 milhões de pessoas - experimentou a 'cannabis', e cerca de 7% (23 milhões) consumiram-na no último ano. Entre os mais jovens, o valor sobe para os 13%. Entretanto, três milhões de adultos europeus (1% da população) usam esta droga diariamente. Calcula-se que o número de pessoas que procurou tratamento devido ao consumo problemático de 'cannabis' tenha quase triplicado entre 1999 e 2005 (de 15 mil para 43 mil utentes). Esta é por isso uma das prioridades da agência da UE de informação sobre droga, que dirige a sua atenção para a análise do mercado e produção de 'cannabis'. Já a cocaína está novamente em crescimento, sendo a segunda droga ilegal mais popular na Europa, a seguir à 'cannabis'. 4,5 milhões de europeus entre os 16 e 64 anos terão consumido esta droga, contra os 3,5 milhões referenciados no relatório de 2006.
O outro lado - o positivo - está o facto de Portugal pertencer ao grupo de países com boas práticas na fiscalização da condução sob efeito de drogas e por ter centros de tratamento de toxicodependência destinados especificamente a jovens, aponta o mesmo documento. Elaborado pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência sobre o problema da droga na União Europeia é hoje divulgado em Bruxelas. Capítulos individuais dedicados a drogas específicas revelam a situação europeia no que toca à prevalência e padrões de consumo, oferta e disponibilidade, tratamento e outras intervenções, sendo complementados por análises relativas a tendências novas e emergentes no consumo de drogas; políticas e legislações; resposta aos problemas de consumo de droga; doenças infecto-contagiosas e mortes relacionadas com o consumo de droga. Além dos 27 Estados-membros, também a Noruega e a Turquia integram este relatório anual sobre a Evolução do Fenómeno da Droga na Europa. Disponível em 23 línguas (21 da UE, norueguês e turco), inclui ainda três documentos em inglês dedicados a temas específicos como "Drogas e a condução", "Consumo de drogas entre os menores de 15 anos e problemas associados" e o"Impacto do consumo de cocaína e cocaína crack (fumável) na saúde pública".

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Cannabis não é uma droga !

“A CANNABIS não é uma droga, ela é uma erva misteriosa”Os produtos do tipo da cannabis, a marijuana e o haxixe, são tirados do cânhamo indiano – "cannabis sativa". Esta planta contém mais de 60 cannabinoides diferentes, ou seja, compostos activos. O mais activo desses elementos chama-se tetrahidrocannabinol (THC). Maconha (ou marijuana) é a planta logo após colhida e seca ao sol. Haxixe é extraído da resina pura das flores da Cannabis. Também é possível aumentar a potência da droga através de cruzamentos entre espécies diferentes e clonagem. A essas espécies alteradas geneticamente damos o nome de skunk. Durante a fase de intoxicação que é quando se sente os efeitos considerados agradáveis o usuário apresenta um avermelhamento dos olhos, aumento do apetite, ressecamento da boca e aceleração dos batimentos cardíacos.Tambem causa euforia, percepção alterada do tempo, perturbação da memória de curto prazo, redução da agressividade, um aumento da sensibilidade aos sons e uma experiência subjectiva de maior liberdade no poder associativo. Doses elevadas podem provocar alucinações, ilusões e sensações de paranóia, resultando em sintomas de uma psicose tóxica. Quanto ao fumo, é uma causa potencial de bronquite e cancro nos pulmões, a cannabis contém uma maior quantidade de substâncias cancerígenas que o tabaco, mas isto é compensado pelo facto de que é fumada em menores quantidades que o tabaco. O uso de cannabis também e utilizado na medicina, vem sendo ultimamente defendido para uso no controle da dor crónica e do enjôo causado por tratamentos para câncer. É aceite também no tratamento de glaucoma e pode ser usada contra a asma e o stress. Muitos pacientes com SIDA a utilizam para abrir o apetite e ganhar peso, reunindo forças para resistir. O THC é solúvel em gorduras e acumula-se nas células adiposas do corpo, sendo liberado posteriormente e expelido do organismo pela urina, o THC permanece no organismo até três meses após o último uso, só que em concentrações tão baixas e tão disperso que é impossível de detectar com exames comuns. Os exames de sangue e urina que detectam o uso de drogas, funcionam através de reagentes que servem especificamente para isso e custam bem mais caro que os reagentes comuns, usados para fins médicos. . Portanto, se você for fazer um exame e quer ter certeza absoluta de que o resultado será negativo, você deve deixar de consumir canabinóides (maconha ou derivados que contenham THC) pelo menos 40 dias antes do exame. No dia do exame é preciso beber muita água. Para limpar ainda mais o organismo, você deve urinar várias vezes no dia do exame, e cada vez que urinar você deve beber mais água em seguida. Não use bebidas alcoólicas por no mínimo uma semana antes do exame, pois o álcool dificulta a absorção de THC pelo organismo. Tente não ter um consumo exagerado de cannabis porque com isso está a alimentar o terrorismo capitalista e toda a sua escumalha, a melhor solução é plantar no seu quintal umas folhas e convidar os seus amigos para a colheita. Já agora se não concordarem com algo mencionado neste texto fumem um (charro,baseado,bob…) e lembrem-se LEGALIZAÇÃO = LIBERDADE